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Encruzilhadas

Posted by Cottidianos on 23:46
Quarta-feira, 31 de maio

Eu não posso mais ficar aqui a esperar
Que um dia, de repente, você volte para mim
Vejo caminhões e carros apressados a passar por mim
Estou sentado à beira de um caminho que não tem mais fim
Meu olhar se perde na poeira dessa estrada triste
Onde a tristeza e a saudade de você ainda existem
Esse sol que queima no meu rosto um resto de esperança
De ao menos ver de perto o seu olhar
que eu trago na lembrança
Preciso acabar logo com isso
Preciso lembrar que eu existo
Que eu existo, que eu existo
(Sentado à Beira do Caminho - Roberto Carlos - Erasmo Carlos)



Os sinais de trânsito ajudam a colocar um pouco de ordem no caos do trânsito nas cidades, principalmente, nas cidades grandes. Vermelho. Amarelo. Verde.  Pare. Espere. Avance. Regras óbvias. Mas quem disse que todo mundo conhece. E se conhecem, quem disse que respeitam. Engraçado que até as crianças que experimentam os primeiros doces anos nos bancos escolares sabem a diferença... Enquanto muitos adultos já esqueceram... E daí vem os altos números de acidentes de trânsito nas ruas e rodovias do Brasil. Acidentes esses que tem mais de impudência dos próprios motoristas, do que defeitos de fabricação dos automóveis, ou de qualquer outra coisa.

Na tarde de domingo (28), rodava de bike, este blogueiro, pelas ruas da cidade onde mora, Campinas, São Paulo. Cheguei ao cruzamento de uma importante avenida — que corta o coração do centro da cidade — com uma rua paralela. Quando sai da paralela para entrar na avenida principal, eis que o sinal de trânsito fechou para o motorista, e abriu para o pedestre. Vermelho para eles. Verde para os pedestres, é por aqui que eu vou, pensei eu. Mas sendo nossa vez, pedestre ou ciclista, é bom conferir antes, pois nem sempre tem motorista disposto a respeitar nem as regras de trânsito, nem os pedestres, nem muito menos os ciclistas.

Nesse olhar mais atento antes de entrar na avenida pela faixa de pedestre, observei que um veículo por ela deslizava em alta velocidade. Raciocínio rápido: se eu entrar na avenida, serei atropelado. Parei um tanto quanto incrédulo, enquanto o carro atravessou a toda velocidade o sinal vermelho, e seguiu em frente. Seguindo meu caminho com mais tranquilidade e segurança, murmurei para mim mesmo: um idiota guiando um carro bonito acabou de passar por essa avenida.

Em meu pensamento vieram diversas situações. Uma criança, em sua peraltice e inocência, avançando pela faixa; Um casal de idosos, passeando tranquilamente; um ciclista menos atento. Em nenhuma dessas situações haveria tempo de parar. Um motorista irresponsável teria ferido, gravemente, ou até mesmo tirado a vida de inocentes.

Caro leitor, leitora, não se trata esta postagem de acidentes de trânsito, nem nela vou falar desse assunto, mas a linha de raciocínio pode servir ao presente escrito.

Se compararmos o nosso Brasil a um veículo automotor, e nossos políticos a motoristas guiando esse veículo, cruzando as ruas das grandes cidades, ou mesmo as rodovias que ligam a cidade ao campo, então podemos dizer que, há tempos, temos tido um trânsito caótico, e maus motoristas a guiar a máquina.

Nas aulas de trânsito, e nas regras de trânsito da democracia todos tiram zero. Parecem ter se esquecido das lições iniciais daqueles doces primeiros anos nos bancos escolares.

Ah, prezados, e prezadas, e quantos acidentes esses maus motoristas que são nossos políticos já causaram! Inúmeros. Milhares. Milhões. Vítimas que morreram nos leitos dos hospitais a espera de remédios; crianças que viram sua educação andar para trás como caranguejo no mangue por falta de professores, por falta de material escolar, ou até pela falta do básico: uma escola; quantos médicos em plena capacidade e exercício da função já não abandonaram seus postos por falta de equipamentos nos hospitais, outros por atuarem em áreas sem a menor segurança.

Assim como há os pedestres que se esquecem de ter um pouco mais de prudência do que deveriam — ainda que se saibam certos — também nas regras de trânsito da democracia há os eleitores desavisados que vão votando no primeiro político que aparece, ou que votam nos mais conhecidos, mas com uma ficha enorme de acidentes de trânsito — alguns com vítimas fatais — nas ruas e rodovias da cidade da democracia brasileira.

E como esses motoristas sem educação e sem noção debocham dos pedestres! E como esses políticos sem educação política, e sem noção de democracia debocham dos eleitores!

No Brasil, os crimes de trânsito ainda são punidos muito brandamente, talvez, por esse motivo sejam tantos e tão cruéis. Assim como ainda são punidos muito brandamente os crimes contra a democracia, os crimes contra o povo, e contra o país. Talvez por isso, eles sejam cometidos com tanta sistematicidade.

Como peregrino em meio a uma encruzilhada. Perdido no meio do caminho. Sem saber que rumo tomar. Com a mão no queixo a olhar fixo, ora para o horizonte infinito, ora para a encruzilhada na qual se encontra, é assim que se sente o brasileiro nos dias atuais.

Se revisitarmos nossa recente história política, veremos que nossa democracia anda muito mal das pernas. E olhem que não se fala aqui de processo político. Este até que é bem eficiente. Funciona bem. O erro está nas más escolhas que fazemos. Tudo bem que muitos de nós fomos enganados. Durante anos, fomos enganados, pelos partidos e candidatos da direita, da esquerda, e do centro. Todos nós sabíamos que nenhum deles prestava, mas pensávamos haver uns melhores que outros, uns mais dignos que outros. Mas, ao fim do ato, ao fim do espetáculo, ao cair das máscaras, é que vimos que não há um melhor e outro pior, mas que são todos farinha do mesmo saco.

Começou no ano de 1992 quando Collor sofreu processo de impeachment, e antes que o processo chegasse a sua completude, o “caçador de marajás” renunciou. Talvez tenha começado antes de Collor, hoje em dia tudo é tão incerto... Em 2016, outro impeachment: o de Dilma Rousseff. Dilma não renunciou. Foi derrotada. E teve de deixar a cadeira presidencial. E agora? O presidente que a subsistiu, Michel Temer, está enrolado até o pescoço em denúncias de corrupção. Estrebuchando feito bicho brado que quer fugir da rede de na qual foi apanhado.

O STF parte para cima dele com ímpeto. O presidente diz que a fita com as gravações de Joesley são fraudulentas, mas o que fica evidente é que a conversa entre os dois nos porões grotescos do palácio presidencial não foi forjada, bem como não foram forjadas todas as confissões que o presidente ouviu de um empresário corrupto, e ainda o incentivou, bem como não foi forjada a mala com os R$ 500 mil que o deputado, Rocha Loures (PMDB), recebeu. Rocha Loures era, ou é, homem de confiança de Temer.

Ah, antes que esqueça, ainda tem um ex-presidente muito popular, Luís Inácio Lula da Silva, que está envolvido até o pescoço no mar de lama da corrupção, enfrentando processos judiciais por acusação, dentre outras, de lavagem de dinheiro e corrupção, e que ainda se afirma o mais honesto dos brasileiros. Ah, deixem os brasileiros honestos saberem disso...

E ainda tem o julgamento da Chapa Dilma Temer no Supremo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Dilma já era. O máximo que pode perder agora são os direitos políticos dados de presente pelo Senado por ocasião do julgamento do processo de impeachment. Temer tem duas vias quase certas: ou perde o mandato via Supremo Tribunal Federal, ou via Tribunal Superior Eleitoral.

Caso Temer deixe o mandato, há as opções de eleições diretas ou indiretas. Em ambos os casos corremos o risco de cair, mais uma vez, nas mãos de um oportunista. A diferença é que se cairmos nas mãos de um oportunista pela via indireta, podermos nos livrar dele já nas eleições do próximo ano. Ao contrario, se optarem pela via das eleições diretas teremos que amargar mais quatro anos nas mãos de um político detestável.

Então caro leitor, leitora, o brasileiro encontra-se ou não como um peregrino sentado e perdido à beira de um caminho?

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Caldeirão fervente

Posted by Cottidianos on 00:13
Sexta-feira, 26 de maio

Presidente da OAB, ao centro, com o pedido de impeachment de Temer

Sabem com que o Brasil está se parecendo? Com um caldeirão fervendo, na mais alta ebulição. É tanto escândalo que surge a cada semana, a cada dia, que ficamos atônitos, ou melhor, anestesiados por uma crise moral e ética sem precedentes. Nem temos tempo direito de digerir o escândalo da semana passada, e já um novo com potencial explosivo, maior, e mais amplo, se apresenta.

E sabem como é que se apaga o fogo de um caldeirão fervendo? A solução é bem simples: jogando água nas chamas. Apagou o fogo, pronto. Tá tudo calmo. Tá tudo bem. Se bem que o fogo da corrupção avassaladora que se instalou em nosso país não é tão fácil de apagar. Mas desistir, não podemos. Jamais. Um pouco de água jogada no fogo aqui, mais um pouco ali, e a gente consegue.

Por falar nisso, as coisas para o presidente Michel Temer não estão bem. Aliás, não estão nada bem. Desde a semana passada, quando estourou a divulgação da conversa dele com um empresário corrupto, na calada da noite, que o caldeirão tá que é um fervo só.

Hoje, a Ordem dos Advogados do Brasil protocolou um pedido de impeachment contra ele. Mais um, diga-se de passagem. Desde que o escândalo estourou, já são 13 pedidos de impeachment contra Temer. Contra Michel Temer, o presidente a Ordem dos Advogados apresenta denúncia de crime de responsabilidade.

Para elaborar o documento a entidade baseou-se na delação premiada dos donos da JBS. Para a OAB houve uma clara violação do decoro do cargo de presidente, e também uso da advocacia administrativa, que é quando o ocupante de cargo público usa desse mesmo cargo para obter favores pessoais.

O pedido de impeachment da entidade destaca como suspeito o encontro do ocupante do mais alto cargo da repúbica, em encontro secreto com um empresário corrupto, e sendo investigado pela Polícia Federal. Segundo a OAB, o presidente ouviu do empresário a confissão de crimes graves, e nada fez diante de tais confissões. Ao contrário, concordou com elas.

As gravações estão passando por perícia pela PF. Mas mesmo que tenha havido alguma anormalidade nelas, por menor que seja, isto não isenta o presidente de culpa, uma vez que ele não negou o encontro depois das delações premiadas dos irmãos Batista.

A Ordem dos Advogados do Brasil pede que Temer perca o mandato, e os direitos políticos, ficando inelegível por oito anos. O pedido de impeachment apresentado pela entidade será analisado pela Assessoria Jurídica da Câmara. Por falar nela, na Câmara dos Deputados, por lá cada um puxa a sardinha para o seu lado. Os governistas criticam a OAB. A oposição apoia a entidade.

O fato é que a situação de Temer no governo parece ficar a cada dia mais insustentável. Como pode um presidente governar no meio de tanta confusão? Como conseguir apoio para as ditas reformas que ele pretendia fazer? O fato é que o país vive dias de muita incerteza.

Este blog não poderia deixar de falar também nesta postagem, que não se pretende muito longa, da cidade sem lei na qual se tornou Brasília nesta quarta-feira (24). As centrais sindicais organizaram uma manifestação, e nem o governo, nem a polícia, nem os próprios manifestantes esperavam que tanta gente aderisse ao movimento.

Resultado: muito quebra-quebra e confusão. Um vandalismo sem tamanho. Talvez não maior do que a crise em que vivemos. A manifestação começou pacifica com uma caminhada que saiu do Estádio Mané Garrincha, e foi em direção ao Congresso. Na Esplanada dos Ministérios, alguns manifestantes, aproveitando-se de falhas na segurança, furaram o bloqueio policial e a baderna generalizada começou.

O presidente Michel Temer acionou as tropas federais para debelar os manifestantes, coisa na qual foi muito criticado.

O fato é que aquilo que se fez em Brasília pelas centrais sindicais não se chama democracia, se chama baderna, confusão. Uma infantilidade. Democracia, não. Democracia exige maturidade, diálogo. Uma coisa são os casos de política. Outra coisa são os casos de polícia, que foi o que ocorreu na última quarta-feira, em Brasília.

Há ainda que se dizer que essas manifestações das centrais sindicais também não são democráticas por serem seletivas. Por exemplo, quando estouraram escândalos de corrupção envolvendo o pessoal do PT, elas não foram às ruas, não gritaram. Minto. Foram às ruas, sim, mas apoiar os corruptos.

Afinal que democracia é essa que quer o pessoal de esquerda? Que conceito torto de democracia é esse que eles têm? Em qual cartilha aprenderam esses errôneos conceitos de honestidade e de democracia, e de reivindicação por melhores condições de vida?

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Espelho, espelho meu

Posted by Cottidianos on 00:32
Terça-feira, 23 de maio


Antes da próxima postagem falando acerca dos escândalos de corrupção, convido-os a uma breve reflexão feita por uma anônima, e que circula pelo Whatsapp. Reflexão esta que se não é profunda na extensão do texto, é profunda em seu sentido, em seu significado. E porque é profunda apesar de breve? Porque ela nos chama atenção para as pequenas corrupções praticadas no dia. E como podem aqueles e aquelas que as praticam, jogar pedras nos políticos desonestos? Como podem tirar uma trave do olho do outro quando há um cisco no seu?

A corrupção no Brasil é muito mais um problema cultural do que um problema moral, e porque é um problema cultural acabou tornando-se um serio problema moral e ético. Por muito tempo se ouviu dizer dos brasileiros: “vou votar em tal candidato, mesmo sabendo que ele é desonesto, pois — aí vem uma afirmação perigosa — todos roubam”. E essa consciência torta levou o nosso país à beira do precipício. E, se não mudarmos nossa atitude mental em relação a essa questão precipitaremos de vez o país nesse poço sem fundo.

Esse recente escândalo envolvendo o presidente Temer e o senador Aécio Neves nos mostrou que a corrupção, a sede de poder, e ambição desmedida ultrapassou todo e qualquer limite. Mesmo estando estando em curso a maior operação policial que se desenvolve em conjunto com o judiciário, e o Ministério Público, o presidente da república, recebe, altas horas da noite, em sua residência, um empresário que ele sabia estar perante a justiça na condição de investigado em operações policiais, e, vê esse empresário relatar uma série de crimes, e ainda é conivente com ele, e mais ainda, em vez de pedir sobre ele mais uma investigação, esse presidente se cala.

O senador Aécio Neves, esse é outro que não merece mais o nosso respeito e nossa consideração. As delações da JBS tiraram o véu e mostraram-no como ele realmente é: um corrupto e hipócrita — coloque-se nesse rol a irmã dele, Andreia Neves, tão hipócrita quanto o irmão.

Em seus programas eleitorais gratuitos, o senador se proclamava autodesfensor da moral e da justiça, invocando prisão sobre os corruptos, e se apresentando, ele mesmo, como solução. Quando as primeiras denúncias desabaram sobre Aécio na Operação Lava Jato, Andreia chegou a chorar, afirmando-se inocente, e se colocava na condição de vítima que não tem como provar sua inocência. Santo Deus! Quanta falsidade!

O verme da corrupção se instalou também no judiciário e lá também fez seus santos do pau oco. Foi o que nos mostrou a prisão do procurador da república, denunciado pelos irmãos Batista, donos da JBS. Angelo Goulart Villela foi acusado pelos delatores de repassar informações valiosas a Joesley Batista, informando o empresário acerca de informações que envolviam o empresário. Angelo também, em frente das câmaras, se autoproclamava contrário a corrupção. Na Câmara dos Deputados, ele defendeu fervorosamente o projeto das 10 Medidas Contra a Corrupção, chegando a proferir na tribuna daquela casa legislativa, no dia 22 de junho de 2016, um forte discurso em defesa das 10 medidas.

No áudios da conversa, Joesley diz que também estava contando com a colaboração de dois juízes. E eles quem são? Será que não vão nos deixar saber quem é? Esse ponto ainda não foi abordado por ninguém. Tem passado despercebido. Os integrantes do MP devem saber, bem como Joesley, e porque não abrem a caixinha da Pandora logo de uma vez?

Por todas essas aberrações que temos visto ao serem revelados os depoimentos dos delatores, nos levam a conclusão de que o Brasil é árvore cuja raiz está podre. O inseto da corrupção foi corroendo toda a árvore desde a raiz em uma ação bem organizada, bem orquestrada. E nessa ação bem organizada estão envolvidos as bases principais de nossa sustentação constitucional. Se essa teia devastadora e nefasta da corrupção não tivesse encontrado respaldo no judiciário, no legislativo, nos bancos, nas empresas privadas, não estaríamos presenciando tudo isso. Faltou alguém que interrompesse o fluxo.

Mas quem fez isso? Ninguém. Todos, de alguma forma, estavam se beneficiando de tudo isto, enquanto o povo brasileiro ficava a ver navios.

Povo? Quem é o povo? Um conjunto de pessoas habitando o mesmo território e vivendo a mesma cultura? Um grupo de indivíduos ao redor de interesse comuns? É a massa para onde deve se dirigir o poder do Estado a fim de administrar a sociedade, e a ela servir? Sim. Povo é tudo isso. Mas, essencialmente o povo de uma nação é aquele que luta junto, que sonha junto, que trabalha junto pelo crescimento do país, e que está junto mesmo nas suas divergências, pois o povo busca a divergência para atrair a união. Ao final o que todos querem é o bem do país, é o bem comum.

Mas o povo é todos, e todos tem a sua cara, o seu rosto. Por isso o povo é uma unidade em sua diversidade.

Ao pensar em todas essas falcatruas, das quais somos informados pelos meios de comunicação, é bom que pensemos: estou eu sendo o homem, ou a mulher que o Brasil precisa? Com as pequenas corrupções eu referendo as grandes corrupções praticadas pelos políticos e empresários? Sim, pois se você, dentro do seu universo, e dentro daquilo que lhe permite sua linha de ação, você também é um corrupto em pequena escala, como pode jogar pedras em quem também pratica os mesmos atos que você de um modo maximizado?

Olhe para o espelho. Tenha a coragem de olhar para ele e encarar a verdade. Afinal, nesse momento de intimidade é apenas você e o espelho. Não faça perguntas tolas como fez a madrasta de branca de neve, tipo, “espelho meu, espelho meu, há neste mundo alguém mais bonita do que eu?” Não. fuja destas futilidades. Ao contrário, pergunte ao espelho: “espelho meu, espelho meu, estou eu fazendo meu papel de cidadão, ou de cidadã? Em que medida eu referendo a corrupção que vejo ser praticada nos níveis governamentais e empresariais?

Não se esqueça de que o espelho reflete aquilo que se apresenta diante dele tal como é. O espelho tem uma qualidade excelente que falta a muitos seres humanos: a sinceridade. Tente enganar o espelho para ver se consegue. Duvido que ele se deixe enganar.

Agora se você se olhou no espelho e viu que fez sua parte, então você não sente vergonha de baixar os olhos, nem sente vergonha de vergonha de si mesmo, ao contrário, sente que fez a sua parte. Então como diz a garotada “show de bola” “borá pra frente”, que ainda tem muita que precisa abrir os olhos, que ainda está cega. Você pode ajudar essas pessoas a abrir os olhos. Sempre se pode ajudar de alguma forma.

É verdade que temo-nos escandalizado com tanta sujeira praticada por nossa pobre classe política. Mas os políticos não caíram na presidência — à exceção de Michel Temer que caiu de paraquedas na cadeira presidencial — nem no congresso, de paraquedas. Eles foram eleitos. Isso mesmo. Ignoramos o óbvio quando fazemos nossas análises, alguém votou nesses representantes que aí estão, e que não representam ninguém.

Nas regiões mais pobres do país, as velhas raposas alimentam o povo de ignorância
. Quanto mais ignorantes os habitantes de tal e tal Estado melhor. Afinal, ignorante é como cego: não guia, é guiado.

Nas regiões mais abastadas, essas mesmas velhas raposas alimentam o povo com a sedução do poder, do dinheiro fácil, em contratos que apenas visam o interesse mesquinho.

Ah, mas você pode dizer: eu não sabia que ele era assim. Tudo bem agora, você já sabe. E vê, se nas próximas você usa melhor dessa arma tão importante que é o voto. Faça um favor ao Brasil: Não reelejam Renan Calheiros, Rodrigo Maia, Eunício Oliveira, Aécio Neves, e nenhum destes que aí estão. Apostem em novas lideranças. Elas existem? Não as vemos no horizonte, mas tenhamos a esperança de que elas surgirão.

Como povo, seja um pilar para a nossa nação, e o que faz um pilar: sustenta a casa. Durante décadas houve, no Brasil, uma profunda subversão do conceito de democracia que é o governo do povo, pelo povo e para o povo. Nesse conceito está contida a ideia do poder como serviço. De um Estado a serviço do povo, e quando digo povo, fala da totalidade do povo brasileiro, da massa que forma o bolo de nossa nação, e, como todos sabem, massa de bolo não é separada, é unida, grudada, senão não é bolo, é qualquer coisa, menos bolo.

Finalizando esta postagem, vamos à reflexão que havia, ainda no primeiro parágrafo, prometido compartilhar com vocês. Relembrando, a mensagem me foi enviada em vídeo pelo Whatsapp, e de uma anônima. Fiz a transcrição desse vídeo e a apresento a vocês. Pelo que se pode deduzir o vídeo foi gravado antes de a ex-presidente Dilma Rousseff sofrer impeachment, mas é muito atual e cai como uma luva no momento presente.

***

Mensagem de uma anônima transcrita de um vídeo do Whatsapp

Porque o problema não tá no ladrão corrupto que foi Collor não. Nem na fossa que foi Lula. O problema tá em nós como povo. Porque a gente pertence a um país em a esperteza é moeda que é sempre valorizada. É um país aonde a gente se sente o máximo porque consegue puxar a TV a cabo do vizinho. A gente frauda a declaração do imposto de renda pra poder pagar menos imposto. Onde há pouco interesse pela ecologia. Onde as pessoas atiram lixo nas ruas e depois reclama porque o governo não limpa os esgotos. Saqueia dos veículos acidentados. O camarada bebe e depois vai dirigir. Pega um atestado sem tá doente, só pra poder faltar no trabalho. Viaja a serviço de uma empresa e o que que ele faz? Se o almoço foi R$ 10, ele pede uma nota fiscal de R$ 20. Entra no ônibus se senta, se tem uma pessoa idosa, faz que tá dormindo. E querem que o político seja honesto. O brasileiro tá reclamando de quê? Como matéria-prima desse país a gente tem muita coisa boa. Mas falta muito pra gente ser o homem e a mulher que esse país precisa. Porque eu fico muito triste quando uma pessoa… Ainda que Dilma renunciasse, o próximo a suceder ela teria que continuar trabalhando com essa mesma matéria-prima defeituosa que somos nós mesmo como povo, e não poderá fazer nada, porque enquanto alguém não sinalizar o caminho dedicado a erradicar, primeiros os vícios que temos como povo, ninguém servirá não. Nós temos que mudar. Um novo governante para os mesmos brasileiros, não pode fazer nada não. Antes de a gente chegar e culpar alguém, botar a boca no trombone, a gente tem que fazer uma autorreflexão. Fique de frente pro espelho, e você vai ver quem é o culpado. E eu espero que nessa próxima eleição, dessa vez, o Brasil todo, ele realmente tenha noção do que realmente significa o poder de um voto.

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Temer e Joesley: Um diálogo que abalou o Brasil e sacudiu o governo

Posted by Cottidianos on 23:06
Sábado, 20 de maio


Prezados leitores, e leitoras.

O caso é tão é tão sério que o presidente, Michel Temer, fez neste sábado, um novo pronunciamento em cadeia nacional. Nesse pronunciamento, Temer diz que a conversa entre ele e Joesley Batista, dono da JBS, e gravada, clandestinamente, por este último, é fraudulenta e manipulada, e mais uma vez, diz que não renunciará.

Este blog Cottidianos, vem, nesta postagem, apresentar a integra dessa conversa que sacudiu o Brasil. É uma longa conversa e, por consequência, uma longa postagem, mas vale a pena ao leitor, lê-la, e tirar suas próprias conclusões. Este blog já fez essa leitura, e viu no diálogo, uma grande intimidade entre os seus personagens. A conversa tem sua sequencia lógica, e não parecer ter sido editada. Há, obviamente, pontos inaudíveis na conversa, mas dadas as condições da gravação, isso é mais que natural, afinal, Joesley não poderia exibir o gravador, como se estivesse fazendo uma entrevista com o presidente.

Cabe ao leitor tirar suas próprias conclusões.

Enquanto isso, preparo a próxima postagem trazendo outros aspectos e outros fatos desse intrincado novelo.

Uma coisa posso afirmar com certeza, e o leitor, leitora, há de concordar: fomos enganados. Disseram-nos que as delações da Odebrecht eram as delações do fim do mundo. Na verdade, o que temos visto é que as delações da JBS foram bem mais explosivas que as delações da Odebrecht. Haja dinamite! Haja explosão! ... E haja falta de vergonha na cara desses bandidos que se abrigam sob o manto da lei.

***



Íntegra do dialogo comprometedor entre o Michel Temer e o empresário Joesley Batista

[Joesley]: E aí, doutor, Tudo bem? Tudo bem? Faz tempo que a gente não se vê.

[Presidente Temer]: Hein?

[Joesley]: Faz tempo que eu não te vejo.

[Presidente Temer]: É que você está fora do Brasil. Soube que você estava morando […]. Está nos Estados Unidos?

[Joesley]: É… tudo bem? Tô ficando muito, muito, a maior parte é lá. Como é que está a correria?

[Presidente Temer]: Sabe que eu era tão feliz e agora sabe como é, né, cheio de compromissos, né? E aqui, primeiro, que você sabe que eu estou fazendo dez meses e parece que foi ontem, né? Parece que foi ontem e parece que foi uma […], são duas coisas. Segundo, que tenho uma oposição complicada […] no começo, né? Eles começaram: “golpe, golpe, golpe”, daí não passou. Aí “economia não vai dar certo, não vai dar certo”, e daí começou a dar certo e daí os caras estão num desespero, entendeu? Primeiro, que eu tenho o apoio do Congresso, se eu não tenho o apoio do Congresso, eu tô ferrado…

[Joesley]: Muito grande, né?

[Presidente Temer]: Tenho apoio da imprensa, enfim, mas vai dar certo, nós vamos atravessar isso daí, você vai ver. Vamos chegar no final deste ano já muito melhor. E em 2018 vamos comemorar.

[Joesley]: Com certeza. Sabe que nós vamos chegar, é isso mesmo, vamos chegar no fim desse ano olhando pra frente, […] Olhando…

[Presidente Temer]: Já começou, modestamente e tal, mas já começou. E uma coisa que eu não esperava que começasse agora.

[Joesley]: Muito rápido. Foi muito rápido, porque você está falando dez meses, mas, na realidade…

[Presidente Temer]: Há seis começou, né?

[Joesley]: Então, porque teve aquele periodozinho ali muito duro, né, que não podia fazer nada, que não…

[Presidente Temer]: Seis meses como titular e olha o que nós já fizemos. O teto dos gastos, a reforma […] aprovamos a […], eu acho que estava lá há dez meses e não se votava, aprovamos a admissibilidade da Comissão Nacional da Justiça, fizemos um grande acordo trabalhista, que acordaram sobre padrão das centrais sindicais. Muito rápido.

[Joesley]: Muito rápido. Muita coisa e muito rápido.

[Presidente Temer]: É.

[Joesley]: O… a economia está bem, vai ter que baixar o juro rápido, porque a expectativa foi muito rápida, né? A reversão da expectativa.

[Presidente Temer]: […] desce mais um, vai descendo responsavelmente.

[Joesley]: E você sempre tem que deixar o mercado com a sensação de que foi pouco. Tem que ficar na sensação de que…

[Presidente Temer]: Tem razão.

[Joesley]: Não pode tomar a dianteira. Que você vê, o Banco Central baixou 25, depois 25, aí quando ele deu aquele 75, o mercado deu uma animada, só que aí já esperava 1, aí deu 75, é muito, 75 é muito, aí deu 1! O mercado: Pô, agora vai dar 1? O mercado vai achar pouco, pô, mas só 1, tinha que ser 1,5. Não, tá bom, presidente, é tarde, deixa eu te falar. Primeiro, eu vim aqui roubar dois, três minutinhos de você […]. Primeiro, que eu não tinha te visto, né, desde quando você assumiu.

[Presidente Temer]: […] Quando eu assumi, não?

[Joesley]: Não, não, antes de assumir.

[Presidente Temer]: Antes de assumir. Dez meses.

[Joesley]: Eu estive contigo no teu escritório, dez dias antes ali…

[Presidente Temer]: É. Isso.

[Joesley]: …quando estava ali naquela briga ainda, naquela guerra pela…

[Presidente Temer]: Tem razão.

[Joesley]: … pela rede social…

[Presidente Temer]: Tem razão.

[Joesley]: … e tal e coisa de golpe e tal. Mas, tudo bem, e aí, enfim, de lá pra cá eu vinha falando com o Geddel, enfim, e aí também não…

[Presidente Temer]: Deu aquele problema… Aquele idiota… foi confiar nos outros dá nisso.

[Joesley]: Bobagem.

[Presidente Temer]: Uma bobagem que eles fez, agora, sem consequência alguma…
[Joesley]: Não precisava daquilo.

[Presidente Temer]: E o cara aproveitou pra fazer um carnaval.

[Joesley]: Mas eu vinha falando com o Geddel, andei falando algumas vezes com o Padilha também, mas agora que o Padilha adoeceu, ficou adoentado, enfim, aí eu fiquei meio… falei “deixa eu ir lá pra dar uma… “. Queria primeiro dizer o seguinte: “tamo” junto aí, o que o senhor precisar de mim, viu, me fala.

[Presidente Temer]: Está bom, mas tem que esperar passar essa…

[Joesley]: E vim te ouvir um pouco, como é que o senhor está nessa situação toda aí do Eduardo?

[Presidente Temer]: O Eduardo tentou me fustigar.

[Joesley]: Eu não sei, como é que está a situação?

[Presidente Temer]: A defesa, o Moro indeferiu 21 perguntas dele que não tem nada a ver com a defesa dele. Era pra amedrontar: “Eu não fiz nada, eu não sei o quê”, e no Supremo Tribunal Federal, olha só, que fatalidade. E ele está aí, rapaz, mas […]…

[Joesley]: É, eu queria falar assim, muito aqui na… dentro do possível, eu fiz o máximo que deu ali, zerei tudo o que tinha de alguma pendência daqui pra ali zerou, tal, doutor. Já liquidou tudo e ele foi firme em cima, ele já estava lá e veio, cobrou, tal, tal e tal. Pronto, acelerei o passo e tirei da frente. O outro menino, o companheiro dele que tá aqui, né, que o Geddel sempre tava…

[Presidente Temer]: Lúcio… […]

[Joesley]: Isso, que o Geddel é que andava sempre ali, mas o Geddel também com esse negócio eu perdi o contato, porque ele virou investigado e eu também não posso encontrar ele.

[Presidente Temer]: É complicado. […]

[Joesley]: Isso. O negócio dos vazamentos. O telefone lá do Eduardo com o com Geddel, volta e meia citava alguma coisa meio tangenciando a nós e não sei o quê, e eu tô lá me defendendo. Como é que eu… o que eu mais ou menos dei conta de fazer até agora? Eu tô de bem com o Eduardo.

[Presidente Temer]: Tem que manter isso, viu? […]

[Joesley]: Todo mês, também, e tô segurando as pontas, tô indo. Nesses processos eu tô meio enrolado aqui, né, no processo assim…

[Presidente Temer]: Você está sendo investigado.

[Josley]: Isso, é, investigado, eu não tenho ainda denúncia. Aqui eu dei conta de um lado do juiz, dá uma segurada, do outro lado o juiz substituto, que é um cara que fica…

[Presidente Temer]: Está segurando os dois?

[Joesley]: Tô

[Presidente Temer]: Ótimo, ótimo.

[Joesley]: Segurando os dois. E eu consegui um procurador, dentro da força tarefa, que está também me dando informação, e eu lá que eu tô pra dar conta de trocar o procurador que está atrás de mim. Se eu der conta, tem o lado bom e o lado ruim. O lado bom é que dá uma esfriada até o outro chegar e tal, e o lado ruim é que se vem um cara com raiva ou com não sei o quê…

[Presidente Temer]: […]

[Joesley]: O que tá me ajudando, tá bom, beleza. Agora o principal é o que está me investigando. Eu consegui colar um no grupo. Agora eu estou tentando trocar…

[Presidente Temer]: O que está […]?

[Joesley]: Isso… tô nessa aí. Então tá meio assim, ele saiu de férias, até essa semana eu fiquei preocupado que saiu um burburinho de que iam trocar ele e não sei o quê. Eu tô com medo, eu tô só contando essa história para dizer assim: Eu tô me defendendo aí, tô me segurando e tal, os dois lá tô mantendo, tudo bem. Mas antes… o Geddel estava aqui com aquele negócio da anistia e quase não deu.

[Presidente Temer]: Quase… […] empresariais que vão dizer que você […] são nossos. Se todos se reunirem e fizerem isso […], mas se todos fizerem isso.

[Joesley]: Sabe que eu estive até com o presidente Lula, na época, lá no dia, que o PT, parte do PT… “ah, o Paulo Pedro não sei o quê…” – “pô, presidente, mas…” “ô, eu quero uma aguinha, um…”. “Água que você quer?” Todo mundo…

[Presidente Temer]: […]

[Josley]: Então, isso foi um negócio que… o negócio da autoridade também era outra, né? A autoridade.

[Presidente Temer]: Dos depoimentos?

[Joesley]: Porque, ô, Presidente, eu não sei o quanto o senhor está ao par assim de um pouco de verdade das coisas, mas é uma brutalidade, um negócio assim… O negócio é o seguinte: há duas semanas atrás, três semanas atrás, um garoto, que eu nunca ouvi falar, que ninguém conhecia, que trabalhava lá com o Lúcio, que era do financeiro lá, não conheço, nunca vi, ninguém nosso nunca viu, nunca nada, e o menino disse assim: “Ah, porque eu ouvi falar do Lúcio que não sei o quê, eu ouvi falar de..”. Pô, me rendeu um Fantástico, um Jornal Nacional, e um não sei o quê, e uma confusão… Ainda bem que eu tenho boa relação com a imprensa e consegui rapidamente… Aquietou. Foi um dia, dois, pronto, parou. Mas é um… Tudo bem. Sobre esse ponto aí também estamos tocando.

[Presidente Temer]: […]

[Joesley]: Consegui. Tô fazendo um… 50 mil por mês do rapaz e tal, pra ele me dar informação, pelo menos me dar informação. “Ah, teve reunião, falou isso, falou daquilo”. O bravo é…enfim, mas vamos lá. Eu queria falar sobre isso e falar como é que é que… pra mim falar contigo, qual é a melhor maneira, porque eu falava com o Geddel… Eu não vou lhe incomodar, evidente…

[Presidente Temer]: […]

[Joesley]: Eu sei disso. Por isso é que…

[Presidente Temer]: […] é o Rodrigo.

[Joesley]: É o Rodrigo? Ah, então ótimo.

[Presidente Temer]: […] da minha mais restrita confiança.

[Joesley]: Eu prefiro combinar assim, se for alguma coisa que eu precisar, tal e tal, eu falo com o Rodrigo. E se for algum assunto desse tipo aí…

[Presidente Temer]: […]

[Joesley]: Funciona super bem à noite, onze horas da noite, meia?noite, dez e meia, venho aqui, converso uns dez minutinhos, meia horinha, vou embora… Tá. Falar de outra coisa aqui. O Henrique, como é que você está com o Henrique?

[Presidente Temer]: Tá muito bem. Tranquilo.

[Joesley]: Tá tudo bem?

[Presidente Temer]: Quer dizer, ele concorda, não que vai acontecer isso aqui, mas ele faz o que eu […] muito bem.

[Joesley]: Ele é trabalhador. Ele é trabalhador.

[Presidente Temer]: É trabalhador. […] o que essa gente fez com o Brasil é inacreditável. É inacreditável. Mas o Henrique vai muito bem comigo. Eu chamo ele pra trabalhar…

[Joesley]: E ele gosta.

[Presidente Temer]: Ele gosta.

[Joesley]: Ele gosta de trabalhar. Você não chama ele pra ir pra praia. Se você for pra praia e chamar ele, ih…

[Presidente Temer]: Não tem graça.

[Joesley]: Agora, se falar: “não, vamos trabalhar”. Eu tenho o Henrique como muito disciplinado, lógico, tenho uma relação ótima com ele. E eu tive assim, o não sei, eu já andei falando com ele alguns assuntos, conhecendo ele, ele é […] pra caramba, né, presidente? Um dia eu falei com ele. […] e tal e ele: “aquilo lá, não, faz as coisas e tira fora”. “Mas não é você que manda nessa merda?” “Não, aquilo lá”…

[Presidente Temer]: […].

[Joesley]: Então, aí que eu quero… Um dia eu falei assim: “Henrique, precisa mexer na Receita Federal, porra. Tanto tempo aí.”. – “tenho um monte de coisa pra fazer”. “Ixe, não. Não posso mexer.”. Aí… BNDES. Não, BNDES é planejamento. Mas foi você que botou a Maria Silvia lá! Não, não, é do Jucá… É outro…

[Presidente Temer]: […] ligou, acertou e tal. […]

[Joesley]: Queria ter alguma sintonia contigo, pra quando eu falar com ele, ele não jogar “Ah não, o Presidente não deixa, não quer.”. Pô, Henrique, mas você é muito banana, você não manda porra nenhuma.”. [Risos] Aí eu falei com… […] aí era o… o Presidente do CADE ia mudar, mudou ou botou alguém aí.

[Presidente Temer]: Já mudou.

[Joesley]: Já mudou? Isso. Aí falei: Ei, pô, presidente do CADE. Ah, isso aí… Quero dizer o seguinte, resumindo, eu também não sei se é hora de mexer em alguma coisa, porque dentro do contexto geral, também não quero importunar ele, também… se eu for mais… que eu trabalhei com ele quatro anos, se for mais firme nele “pô, Henrique, tem que…” eu acho que ele… acho que ele corresponde.

[Presidente Temer]: Ele, você sabe, […] maiores […], a vinda dele pra mim, foi por você.

[Joesley]: Isso. Até voltando um pouco, ao Carlos Eduardo, na época… “Ó, briguei lá, tal… Ó, agora tem que ver se…”, enfim, tudo bem, aí ele, uns quinze dias antes dele…, o Eduardo, aí ele veio e deu uma cobradazinha em mim. “Ó, agora tenho que trabalhar, né, e não sei o que e tal”. “Eduardo, não é assim também, espera aí, não é assim não.”. “Ah, mas puta que pariu.”.

[Presidente Temer]: Aí deu no que deu.

[Joesley]: Aí deu no que deu. Aí eu falei: “Eduardo… – Uns quinze dias antes – Eduardo, não é assim, não, espera aí.”. “Não, pô, você tá com a Ferrari aí?”. Porque ele se referia, que ficou Fazenda, Banco Central… Banco Central perdeu status de Ministro, né? Pô, o Henrique ficou muito prestigiado, né? Mas espera aí, o Henrique também não vai sair fazendo […]. Queria só, não sei se eu… te dar um toque em relação a isso, em relação a… eu não sei o quanto eu vou mais firme no Henrique, o quanto eu deixo ele com essa pepineira dele aí e tal… Enfim.

[Presidente Temer]: […]

[Joesley]: Se ele jogar pra cima de você, eu posso bancar e dizer assim: Não, não, qualquer coisa eu falo com ele.

[Presidente Temer]: […]

[Joesley]: Pronto. Qualquer coisa… Ah, então. Lógico, lógico. Eu não vou falar nada descabido. Agora, esse presidente do CADE […] falei com ele: “Henrique, é importantíssimo ter o Presidente do CADE ponta firme.”.

[Presidente Temer]: […]

[Joesley]: Já foi. Já foi. Em Janeiro agora. Eu falei pra ele. Ele já foi nomeado Presidente.

[Presidente Temer]: Tem que ter uma conversa franca.

[Joesley]: Não sei, então, talvez… Por exemplo, agora tá o Presidente da CVM pra trocar, não trocar… É outro lugar, é fundamental. E aí, queria assim…

[Presidente Temer]: Você poderia falar com ele.

[Joesley]: Mas é que se eu falar com ele e ele empurra pra você, eu poder dizer: “não, não, não, espera aí”.

[Presidente Temer]: Pode fazer.

[Joesley]: Só isso que eu queria ter esse alinhamento, pra gente não ficar… E pra ele perceber que nós estamos…

[Presidente Temer]: […]

[Joesley]: Mas quando eu digo de ir mais firme no Henrique é isso. Falar: Henrique, porra, mas você vai levar? Você vai fazer isso? Vô. Então tá bom. Então que ele venha. Pronto, é só esse alinhamento só que eu queria ter…

[Presidente Temer]: Pode fazer isso.

[Joesley]: E todos, em termos assim mais amplos, assim, genéricos… Quando eu falar um negócio, bom, pelo menos vai, consulta lá, vê. O negócio do BNDES lá, da operação, Geddel me falou que teve todo empenho…

[Presidente Temer]: […] não sei exatamente quem […] e eles queriam que […]

[Joesley]: Não deu de um jeito, mas deu do outro, então, tá, e deu certo.

[Presidente Temer]: […] eu chamei e ela veio me explicar. Daí […] mas nós fizemos de outro jeito e deu certo. Então ela…

[Joesley]: É, o BNDES está bem travado. Esse negócio do BNDES é outra. […] influência […] E Maria Silvia está falando com quem? Parece que tá problemático, viu?

[Presidente Temer]: […]

[Joesley]: Então.

[Presidente Temer]: […] eu não sei porque tem dois servidores lá que estão com os bens indisponíveis […] os caras não podem mexer e por isso eles estão com medo de mexer em qualquer coisa. Está com uma verba lá de 150 bilhões. […]

[Joesley]: É isso que eu quero. Se ele escorregar eu digo ó, consulta lá.

[Presidente Temer]: Consulta o presidente.

[Joesley]: Consulta e me fala. Tá bom. E Geddel, você tem visto ele?

[Presidente Temer]: Falei com ele hoje por telefone. Mas ele […]

[Joesley]: Ah, é? E ele? Exatamente. O Lula vai voltar? Como é que vai ser as eleições em 2018?

[Presidente Temer]: Não sei. Está desempenhando como nunca […] está ruim, realmente está ruim, está pesado, está quebrada a economia etc. etc., mas eu acho que quando melhorar bem a economia […].

[Joesley]: Com certeza. Casa que falta pão não tem União. Não é assim? Não tem nenhum remédio melhor do que as coisas bem financeiramente… Todo mundo acalma, todo mundo… E no TSE, como é que está?

[Presidente Temer]: O negócio tá com o Herman Benjamin agora. Um troço meio maluco, não consigo […] primeiro que eu acho que não passa negócio da minha cassação, não passa, porque eles têm uma consciência política ‘porra, mais um presidente’. Primeiro. Segundo, […]. Terceiro, caso tenha a procedência da ação, não perco os direitos políticos e uma procedência tem recurso no Supremo e até aí já terminou o mandato. […]

[Joesley]: Então tá bom. Puta que pariu…

[Presidente Temer]: Os aborrecimentos que você tá tendo também, né?

[Joesley]: É duro, Presidente, pelo seguinte. Igualzinho o senhor aqui também, a gente fica equilibrando os pratos. Nós não temos só isso. Tem a empresa, tem o concorrente, tem os Estados Unidos, tem o dia a dia, tem a empresa, e isso de repente tem que parar por conta de resolver coisa… Eu falo lá pro Procurador, eu digo “Dr. Procurador, o senhor quer me investigar, não tem problema. Mas não fica dando solavanco, não. Não fica… sabe, dando solavanco e fazendo medidas… escancaradas, divulgando pra imprensa… Doutor, é o seguinte, eu posso estar certinho, mas eu vou chegar lá morto de tanto solavanco que o senhor vai me dar, se estiver 100% certo, eu morro. Para com isso.”. Da última vez eu falei: “faz um favor pra mim, me denuncia de alguma coisa”. E ele disse: “Mas não tenho nada pra denunciar”. “Então inventa. Para, porque eu não aguento. Se o senhor ficar desse jeito, o senhor vai me quebrar.”. Puta que pariu. E eu sei que o seguinte… Mas tudo bem. Nós somos do couro grosso, né? Vamos lá.

[Presidente Temer]: Vai passar. Vai passar. Não vai ficar a vida toda assim, né?

[Joesley]: Tem… Como se diz, tendo os pés no chão, também, passar vai passar. Tá faltando, talvez, presidente, quando estava ali falando da anistia, o negócio da autoridade… a gente tinha uma coisa objetiva pra lutar pelo que, né, não? Ó, estamos lutando, trabalhando… a gente tinha que pensar o quê? […] esses meninos eles não têm juízo. Não para. Vão ficar… Pum, pum, pum… Porque um delata um, que delata o outro, que delata um, que delata o outro… Delação com a verdade, não precisa provar nada. E você sabe de um negócio, que é o seguinte, eu até perdoo o… já teve uns quatro, cinco que delatou nós. Coisa estapafúrdia. Aquele Sérgio Machado, nunca vi esse cara na vida. Eu vi o vídeo. Eu fiquei pensando… que fala assim: Fala aí da JBS. Não, não tenho nada. Ah, mas então vai preso. Então não vai embora. Não, não conheço esse povo. Não, lembra… senão não fecho. Eu vi o vídeo, o pobre coitado do Sergio Machado que eu não conheço. Ele comemorando o último capítulo, era o JBS. Então fala o JBS. Aí ele decorou, leu um papelzinho lá, tal, tal, tal… Quando acabou: ah, acabou… Tá no vídeo.

[Presidente Temer]: O Sérgio Machado?

[Joesley]: É. Falando de JBS. Nós nunca passamos perto da Petrobras, da… Transpetro. Nunca vi esse Sérgio Machado na vida, nem ele, nem os filhos dele, nada. Mas o Procurador viu… Fala, senão… Fala. Lembra de alguma coisa. Qualquer coisa. Aí o cara… Ah…

[Presidente Temer]: Se pudesse degravar […]

[Joesley]: Eu fico imaginando, teve um menino, numa dessas operações, que estava preso, ele contando, ele teve que falar alguma coisa nossa. Ele contando, dá dó do cara. Falou: Gente, vocês não sabe. Eu fiquei quinze dias humilhado na cadeia, porque não tinha nada pra falar de vocês. Aí foi, foi, foi… eu falei. Você olha pro cara… De tudo que aconteceu conosco até agora, tem só um tal do PIC, que é procedimento investigativo criminal. Não tem nada, não tem uma prova, não tem um dinheiro meu no exterior que eu depositei, não tem uma… E no dia que aconteceu eu estava nos Estados Unidos. Eu liguei pro meu advogado, o que é isso? Ele também não sabia, é criminalista. Não, o delegado disse que não precisa se preocupar… É um PIC, procedimento Investigativo criminal. Só um procedimento investigativo. Tá bom. Meia hora falou ó, bloqueou as contas. Passou mais meia hora, ó, os bens estão bloqueados. Que coisa que não é problema? Passou mais meia horinha… Estão recolhendo os passaportes. Não pode viajar. Tá louco? Daqui a pouco… Ué? Procedimento investigativo tu é preso. Foi onde corri lá no Procurador, dei um seguro garantia de um bilhão e meio… Pronto, resolveu meu problema. Imagina se eu não consigo fazer um negócio desses? É muito desproporcional. Então, eu acho, Presidente, assim, tem que criar… não sei o que também, alguma agenda, alguma coisa. Eu estava lendo PSDB, né, esse choque aí. Agora estão se mexendo, dizendo: Não, não sei o que… […]

[Presidente Temer]: […] e daí começa a dar solução.

[Joesley]: Não vou tomar mais seu tempo não. Obrigado.

[Presidente Temer]: Bom te ver aí, viu.

[Joesley]: Adorei te ver. Nós estamos combinando o seguinte, ó, primeiro, precisando de alguma coisa a gente se fala.

[Presidente Temer]: Obrigado.

[Joesley]: Segundo, estamos lá nos defendendo. Terceiro, o negócio do Henrique, ótimo. E, enfim, se surgir alguma novidade… e se for urgente, eu…

[Presidente Temer]: […]

[Joesley]: Eu gostei desse jeito aqui. Eu vim dirigindo, nem vim com motorista, eu mesmo dirijo.

[Presidente Temer]: […] Rodrigo se identifica lá.

[Joesley]: Eu tinha combinado de vim com ele.

[Presidente Temer]: Ah, você veio sozinho?

[Joesley]: Eu vim sozinho, mas eu liguei pra ele era dez e meia, até por isso que atrasei cinco minutinhos. Aí deu nove e cinquenta mandei mensagem pra ele. Ele não respondeu, deu dez e cinco eu liguei. Cadê? Puta, eu tô num compromisso aqui, vai lá, fala… Eu passei a placa do carro e fui chegando e eles abriram, nem dei meu nome. Fui chegando, viram a placa do carro, entrei… funcionou superbem. O senhor vai mudar pro outro [Palácio do Alvorada]?

[Presidente Temer]: Eu mudei pro outro e fiquei uma semana lá […] Primeiro, tem lá embaixo, né?

[Joesley]: Conheço, conheço, o térreo.

[Presidente Temer]: Em cima, partindo da parte debaixo, então tem oito, dez dormitórios, tem cozinha, tem massagem […] e eu não consegui dormir […]. Falei: vamos voltar. E ela foi pra Bahia três dias e da Bahia daí não aguentei. […]

[Joesley]: É muito frio, aqueles vidrão… Como é que a Dilma aguentava ficar sozinha lá? Bom, deixa eu ir embora. Já é tarde.

[Presidente Temer]: Mas você tá bem disposto, né, Joesley?

[Joesley]: Tô bem. Deixa eu pegar…

[Presidente Temer]: Você emagreceu.

[Joesley]: Emagreci. Estou me alimentando bem. Comendo mais saudável. Mas não é comendo pouco, não. Tô comendo bastante. Mas coisa mais saudável. Menos doce, menos industrializado…


[Presidente Temer]: […]

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