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Pai e madrasta de Bernardo são indiciados por homicídio

Posted by Cottidianos on 00:33
Quinta-feira, 15 de maio


Eu quero me banhar nas fontes e olhar horizontes com Deus,
E sentir que as cantigas nativas continuam vivas para os filhos meus,
Ver os campos florindo e as crianças sorrindo felizes a cantar
E mostra para quem quiser ver, / Um lugar prá viver sem chorar,
É o meu Rio Grande do Sul,  / Céu, Sol, Sul, Terra e Cor,
Onde tudo que se planta e cresce, / E o que mais floresce é o amor,
É o meu Rio Grande do Sul, / Céu, Sol, Sul, Terra e Cor,
Onde tudo que se planta e cresce, / E o que mais floresce é o amor”.

(trecho da música, Céu, sol, sul, terra e cor, da autoria do gaúcho, Leonardo)




Sou Bernardo Boldrini e sobre minha história já vos falei a respeito. Tive um trágico fim na minha terra natal, Três Passos, Rio Grande do Sul, terra dos pampas, do chimarrão, do bom churrasco, do bom vinho e de tantas outras coisas boas. Não tive paz em minha própria terra. Não tive paz em minha própria casa. Não tive paz em minha própria cidade. Agora estou em paz, uma paz infinita me envolve. Reencontrei minha mãe e ela tem me dado todo o conforto de que minha alma necessita. Ele está muito mais bonita agora do que antes. Ela tem curado minhas feridas, as feridas que fizeram sangrar o meu coração e que foram provocadas pela indiferença com que meu pai me tratava. Feridas que foram intensificadas pela ira de uma madrasta cruel. Mas tudo isso passou. Agora, estou, verdadeiramente, em paz.

Tenho pena das pessoas que me expulsaram da vida, dentre elas uma pessoa a quem amava, mesmo tendo essa pessoa me odiado e me desprezado.  Tenho dó deste tipo de gente. São pessoas que descem aos níveis mais baixos da existência e ficam se arrastando pela terra como se fossem bactérias nocivas à natureza. Na verdade, somos todos natureza. Não se importa se animais, plantas, todos temos uma função na grande teia da vida. Os seres nocivos matam essa cadeia, interrompem essa corrente.  Na grande maioria das vezes, nem percebem que já se afastaram a muito tempo da categoria do que costumamos chamar de humanos. Suas mentes doentias os levaram a tal estado que só com a força de muita oração, conseguirão sair dele.

O que leva alguém a tirar a vida de outro, principalmente, quando esse ser é, além de inocente, indefeso, tal qual era a minha condição quando entrei naquele carro e parti em direção a uma morte cruel? Quem pode perscrutar a mente criminosa? Quem pode decifrar os nefastos pensamentos que ela consegue elaborar, planejar, colocar em prática? Quem, senão aquele dado a essas tendências perversas pode explicar tal tipo de comportamento?

Os especialistas elaboram teses, hipóteses, que, geralmente, se aproximam da verdade. Afinal, eles estudam anos a fios para isso. Conseguem ajudar a ciência a resolver intrincados casos. Mas a mente de um criminoso somente ele próprio há de compreender. 

Um psiquiatra gaúcho chamado Carlos Heckteuer disse — e eu até me assustei com o que o ele disse ­— que meu pai via em mim uma figura satânica dentro de casa.  Segundo esse homem, meu pai via em mim a representação de minha mãe, com que ele havia tido um casamento difícil, e cuja separação foi dolorosa para os dois. Eu representava para meu pai toda uma situação de sofrimento, e quando ele me maltratava, era como se ele ainda estivesse atingindo minha mãe. Era uma mente psicopata e eu, sem saber estava, dia após dia, sendo condenado à morte.

Ainda segundo Heckteuer, quando meu pai começou a se relacionar com Kelly (Graciele), minha madrasta, eu passei a ser uma pedra no caminho deles. A nova esposa de meu pai, ao invés de semear amor, semeou o ódio e discórdia entre nós. Ai de quem cultiva esse tipo de semente em seu jardim. O pobre coitado, ou pobre coitada,  não sabe o perigo que corre, nem a intensidade do mal que pode fazer aos outros.

Essas coisas sobre o meu pai foi o psiquiatra que disse, ele estudou para isso, deve ter algum fundamento. Eu não consegui entrar na mente de meu pai, nem de minha madrasta, nem quero. Não quero ser corrompido, ainda mais agora, que estou bem juntinho de minha mãe. Agora que sou pássaro livre nos braços do infinito, quero mais é voar. Voar feliz junto com minha mãe que me ama de verdade.

Enfim, quero vos dizer que na, tarde desta terça-feira (13), meu pai Leandro, a mulher dele, Graciele e Edelvania, assistente social,  foram indiciados por homicídio culposo, que é aquele  no qual há, realmente intenção de matar. Vi a polícia levando muita papelada. Ouvi-os dizer que era 11 volumes de processo e que tinha cerca de 200 páginas em cada um. O pessoal da justiça vai ter muito trabalho.

Mas essa história é meio complicada para eu explicar a vocês, então vou deixar uma matéria que saiu num jornal chamado, Região Noroeste 
http://www.regiaonoroeste.com/portal/materias.php?id=57253assim vocês podem compreender melhor o que está acontecendo depois de minha morte. 


Espero, com ansiedade, o andamento desse processo. E tudo que eu e minha mãe queremos é que se faça justiça. Se há culpados eles têm que pagar pelos seus graves erros.

***



Pai e madrasta de Bernardo são indiciados por homicídio

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul indiciou, nesta terça-feira, os três suspeitos pela morte do menino Bernardo Boldrini.
Segundo as investigações, entregues hoje à Justiça, o pai e a madrasta da vítima, Leandro Boldrini e Graciele Ugulini, atuaram como mentores e executores nos crimes de homicídio qualificado por motivo fútil e ocultação de cadáver.
Já a assistente social Edelvânia Wirganovicz, amiga de Graciele, é apontada apenas como executora dos mesmos crimes.
A decisão sobre Evandro Wirganovicz, o irmão de Edelvânia preso no último fim de semana por suspeita de participação no crime, ainda não foi anunciada; as investigações prosseguem e ele permanece em prisão temporária.
A polícia informou que montou seu inquérito - ainda indisponível ao público - com base em mais de 100 depoimentos colhidos juntos a parentes e amigos dos envolvidos no caso. A única prova disponível no caso remete ao auto de necropsia de Bernardo, através do qual se comprovou a existência de traços do sedativo Midadolan, usado para, no mínimo, dopar o garoto (a causa determinante da morte, em si, não foi ainda identificada). Aliam-se a estas evidências documentos como notas fiscais e o receituário médico, assinado por Leandro, para a aquisição do medicamento. A polícia também lançou mão de interpceptações telefônicas que iluminam, mas não provam, as conjecturas da trama.
Como qualificadora do crime, a polícia elencou, repretidamente, a motivação fútil para o assassinato, isto é, a desarmonia familiar extrema entre Leandro e Graciele, de um lado, e Bernardo, do outro. Também são agravantes a dissimulação do assassinato, o que impossibilitou a defesa da vítima, e o "meio insidioso", isto é, a encenação de que ao menino, ao ser dopado, lhe teria sido dito que estaria sendo "benzido".
OS INDÍCIOS DE LEANDRO
Em seu conjunto, a exposição investigativa da Polícia Civil não apresentou novidades substanciosas em relação ao recentemente arrolado pela imprensa. Os delegados, todavia, traçaram um panorama em que se evidenciou a participação ativa e racional de Leandro Boldrini, à revelia do que seria a tentativa, por parte dos advogados, de livrá-lo das suspeições.
Os indícios que levaram ao indiciamento do pai de Bernardo estão embasados em supostas condutas contraditórias, informações desencontradas e a comportamentos não condizentes com aquilo que, segundo os investigadores, seria de se esperar de um pai na dita situação.
"Desde o início, notamos um comportamento totalmente diferente do que se espera de um pai cujo filho está desaparecido; parecia estar sempre tranquilo", afirmou em sua exposição a delegada responsável pelo caso, Caroline Bamberg Machado. "O Leandro e a Graciele passaram a impressão de que estavam até mesmo satisfeitos com o ocorrido", afirmou, em resumo sobre a conduta do casal nos dias subsequentes ao desaparecimento do menino.
Segundo a investigação, Leandro também incorreu em o que foram considerados incongruências de postura: procurou Bernardo no dia seguinte ao seu desaparecimento, no dia 4 de abril, quando, no passado, costumava passar até 15 dias sem buscar o filho, que costumava passar períodos na casa de amigos. "Há vasto relato de várias testemunhas dizendo que o menino passava 15 dias na casa de outras pessoas, e por que nesse dia (posterior ao desaparecimento) procurou? Isso também começou a nortear a nossa investigação no sentido de que tinha mais certeza da participação dele", disse a delegada.
A realidade familiar teria sido mesmo inicialmente negada e deturpada. "O Leandro, em seus primeiros depoimentos, relatou que não tinha problemas de relacionamento com Bernardo, nem Graciele. Que eram só probleminhas básicos. Isso foi desmascarado com várias testemunhas, ligações, que falam que eles tinham problemas sim. Ele (Leandro) tentou nos induzir a uma realidade que não existia quando afirmou que ele e o filho e Graciele não tinham problemas de relacionamento", ressaltou Bamberg.
Por sua vez, um dos principais indícios é um receituário médico assinado por Leandro para compra de Midazolan, sedativo prescrito para endoscopia e cujos traços foram identificados no cadáver de Bernardo. Há também provas físicas e testemunhais de que Edelvânia e Graciele compraram o remédio em cápsula, bem como foi dada falta do mesmo medicamento na clínica de Leandro.
DO PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO DO HOMICÍDIO
À parte o envolvimento de Leandro, que é uma convicção da polícia, a polícia detalhou a relação entre Graciele e Edelvânia bem como buscou indícios mais antigos da suposta ideia de assassinato do menino.

A delegada responsável pelo caso relatou que, entre o final de janeiro e fevereiro, uma amiga ouviu de Graciele que ela teria planos de matar Bernardo. Foi, segundo a polícia, um artifício similar ao adotado pela madrasta do menino quando da sua aproximação com Edelvânia. Esta amiga, cujo nome não foi revelado, buscou a polícia por iniciativa própria, o que, segundo a delegada, provê consistência à intenção do homicídio provando que o plano existia, pelo menos em ideia, antes mesmo dos seus contatos com Edelvânia.


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