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Com gelo, ou sem gelo?! Com gelo, por favor.

Posted by Cottidianos on 00:17
Sábado, 24 de maio

Imagem: http://meioambiente.culturamix.com/gestao-ambiental/se-as-geleiras-derretessem-o-que-aconteceria

Acordo de manhã e ligo o rádio. Enquanto meio de comunicação, o rádio é um bravo guerreiro. Digo isso pelo fato de ele ainda ter bilhões de ouvintes em todo o mundo. Quando surgiu a TV, muitos sentenciaram sua morte, dizendo: “Com o surgimento de um meio de comunicação mais atraente, que nos permite ver imagens o rádio, mais dia menos dia, deixará de existir”, diziam eles. Quanto engano! O rádio deve dar risada dos que afirmaram essas coisas. Entre uma música e outra, o apresentador do programa radiofônico, anuncia: “A Antártica está perdendo 160 bilhões de gelo por ano. A velocidade de derretimento é duas vezes superior a quatro anos atrás. A camada de gelo do continente gelado fica dois centimetros mais fina a cada ano, é o que mostram os dados obtidos a partir dos satélites da Agência Espacial Europeia CryoSat. O buraco na camada de ozônio e o aquecimento global provocam o derretimento das geleiras. Esse fato leva, inevitavelmente, a um aumento no nível do mar em escala global”.

Enquanto preparo um café bem quentinho para acompanhar um gostoso pão torrado com manteiga, presto atenção ao que está sendo dito no noticiário. O locutor continua com suas sombrias informações: “Segundo o tabloide britânico Daily Mail...” “Porque é que esse locutor tem que citar um jornal britânico, não podia citar um brasileiro”? Penso eu. Logo me lembro de que a globalização derrubou fronteiras e que eu faço parte desse novo reordenamento das relações entre os seres humanos, e de que a globalização tem seu aspecto positivo. Mas também, porque é que eu tenho de ficar implicando com a fonte que o apresentador cita em sua reportagem. Implicar com os outros não é uma boa forma de começar o dia.

Volto minha atenção à matéria sobre o clima: “... As geleiras estão derretendo 77% mais rápido do que há 40 anos. Seis geleiras foram responsáveis por 10% da elevação do nível do mar, entre os anos de 2005 e 2010, é o que afirma um relatório produzido pela Universidade da Califórnia. Além dos dois fatores citados anteriormente, a aceleração do processo de derretimento do gelo também é auxiliado pelas águas quentes dos oceanos. Isso prova que as plataformas de gelo são menos resistentes às correntes maritimas do se pensava”. 

Temos aqui no estúdio a presença de um estudioso do clima, que nos falará mais um pouco a respeito desse assunto:

Professor, uma curiosidade, quantos anos poderiam durar essas geleiras, se elas não tivessem o processo de derretimento acelerado?

— Primeiro, quero dizer bom dia, ao dinâmico apresentador e a todos os ouvintes. Respondo sua pergunta ... Há quinze anos, foram feitos cálculos com base na taxa de derretimento. Esses cálculos sugeriam que as geleiras podiam durar 600 anos ou mais. Porém, de acordo com os novos estudos, novas informações, as geleiras podem durar cerca de 100 anos.

O aquecimento global e suas consequências funestas, como o derretimento das geleiras é um processo irreversível?

Sim, esse processo é irreversível. O que nós podemos fazer é agir para que ele seja, digamos assim, menos rápido. Isso, se atentarmos para o fato de que é preciso diminuir, com urgência o nível de gases poluentes na atmosfera. As consequências ainda não estão sendo percebidas de forma contundente, mas os cientistas estão tentando determinar, exatamente, em quanto tempo o mundo começará a sentir esses efeitos.

De que forma, o derreter do gelo poderá afetar o planeta?

Isso trará, inevitavelmente, um aumento drástico no nível dos oceanos. Muitas cidades litorâneas podem vir a desaparecer.

Uma nova espécie de dilúvio?

Mais ou menos, mas não em uma escala tão grande quanto.

Que outras consequências o planeta pode sofrer com todas essas mudanças climáticas?

A consequência disso tudo é que a humanidade pode perder até 30% de espécies de animais e plantas. Devido a tantas mudanças bruscas no clima e em tão pouco tempo, os organismos vivos não terão tempo suficiente para se adaptarem e, em consequência disso, podem vir a desaparecer, sim.

Professor, esse é realmente um quadro preocupante. Mas, explique para os nossos ouvintes, quais as causas que provocarão essa diminuição da biodiversidade?

A biodiversidade será reduzida por fatores como; aumento da temperatura, evaporação da água do planeta, que é por sua vez, é uma consequência do primeiro fator, e a desertificação da terra. Essas são as principais causas. Não é que esses sintomas comecem a serem sentidos apenas em um futuro distante. Não, essas coisas já estão acontecendo, embora não nos demos conta disso. Por exemplo, recentemente foram feitos estudos que mostram que na costa da América do Norte, onde o aumento de temperatura é mais perceptível, é também perceptível que a quantidade de salmões tem diminuído a cada ano. A cada ano, os pescadores têm menos peixes. Isso já é uma realidade.

A luz da torradeira acendeu indicando que o meu pão já estava prontinho, no ponto de ser comido. Pus meu arsenal na mesa: açúcar, café, xícara, leite, margarina e pão. O café exalava um cheiro gostoso e me deixou ainda com mais apetite. Preparei em seguida o ritual: peguei o café, despejei na xícara, em seguida misturei a ele, um pouco de leite. A tonalidade marrom, conseguida através da mistura era animadora. Em seguida pus o açúcar. E saboreei essas delícias. Enquanto tomava meu café, ouvia atentamente a entrevista que estava sendo transmitida pelas ondas do rádio.

Pode acontecer novamente o que aconteceu há milhares de anos atrás, ou seja, quando a terra era habitada por dinossauros e tiranossauros, que eram seres de grande porte e foram extintos?

Sim, há essa possibilidade. Segundo estudos recentes, o aquecimento do planeta, pode levar, não só ao derretimento da cobertura de gelo dos polos, mas também a diminuição do tamanho de grandes predadores. E, se eles podem diminuir de tamanho, podem também desaparecer, não é verdade? A falta de alimentos e o alto nível de dióxido de carbono podem fazer com que as plantas fiquem menos nutritivas, esses fatores, por sua vez, prejudicarão o funcionamento e o desenvolvimento de todo ecossistema. Uma vez que a tendência, daqui por diante, será o aceleramento das mudanças climáticas, que poderão ser aceleradas em duas ou três vezes mais rápidas que o momento atual — reforço o que disse anteriormente — Esse processo fará com que animais e plantas tenham que estar em constante mudança para se adaptar às novas realidades ambientais... Os organismos ficarão, de certa forma, meio confusos com tudo o que está acontecendo, é mais ou menos isso. Então, todo esse quadro pode fazer com que alguns ecossistemas mudem radicalmente, ou até mesmo, desapareçam, e outros novos venham a surgir.

Não é para menos, se nós mesmos estamos ficando confusos com tantas mudanças abruptas no ambiente, que dirá o restante do ecossistema. Professor, diante de todo esse quadro sombrio que o senhor descreve a respeito do futuro do planeta e, consequentemente, a respeito do nosso futuro, há formas de reverter esse quadro? O que cada um de nós pode fazer para que tenhamos um mundo a deixar de herança para as gerações futuras?

Temo que algumas mudanças sejam irreversíveis. Se corrermos ainda dará tempo de freá-las. Por exemplo, temos que parar imediatamente com a queimada das florestas e também com desmatamentos de forma indiscriminada. Devemos caminhar na direção contrária, ou seja, estimular o plantio de árvores. Sempre que possível, deixar o carro em casa e usar o transporte coletivo, ou ir de bicicleta, ou até mesmo caminhando, se a distância não for muito grande. Colaborar para o sistema de coleta seletiva de lixo. Não poluir os rios e mares e encontrar formas de despoluir aqueles que já se encontram poluídos. Trocar lâmpadas incandescentes comuns por lâmpadas mais econômicas. Elas já existem no mercado, é só procurar. Escolher os aparelhos e eletrônicos e eletrodomésticos verificando e comprando sempre os que consomem menos energia. Em âmbito governamental, adotar políticas de redução de poluentes. Ou seja, poderia listar aqui uma série de medidas, esses são apenas alguns exemplos.

Ou seja, queridos ouvintes, ainda dá tempo de fazermos alguma coisa. Salvar o mundo não é uma atitude ideológica, mas uma questão de sobrevivência. Professor, obrigado pela entrevista, continue se empenhando nessa tarefa difícil de conscientização da população sobre a necessidade de fazer um melhor através do cuidado com o meio ambiente. E quando tiver novidades, apareça por aqui. Os nossos microfones estarão sempre abertos para o senhor. No próximo bloco, ouviremos a opinião dos ouvintes sobre esse assunto. Ligue para nossa rádio, estamos esperando sua ligação. Vamos a um rápido intervalo comercial e voltamos logo. Não saia daí.


Não pude atender a esse último pedido do locutor da rádio, pois tive que trocar de roupa e sair para mais um dia de trabalho. Antes de sair, olhei pela janela estava chovendo sobre a cidade. Uma sensação de alegria invadiu o meu coração ao ver aquelas gotas de chuva caindo serenamente. Afinal de contas fazia meses que a chuva não aparecia por aqui. Foi justamente nessa sua ausência, que nos demos conta do quanto precisamos dela. Em outros invernos as pessoas reclamavam quando chovia. Hoje elas dizem: “Que bom que está chovendo”! É assim mesmo: Só sentimos falta de uma coisa quando a perdemos. Ou quando ela nos faz sentir, de modo evidente, a sua ausência. Será que ainda não compreendemos que, sem harmonia global, nossa paz acabará?Precisaremos perder o mundo, para sentir que ele nos faz falta?

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